Shaolin Temple
Um Antigo Santuário Budista
Nas planícies do norte da China há cinco montanhas sagradas: Mt. Tai, Mt. Hua, Mt. Heng ( que tem uma característica chinesa diferente da precedente por seu nome ) e Mt. Song. O Mt. Song no condado de Dengfeng na província de Henan está no centro das montanhas sagradas, por isso é também conhecida como Mt. Sagrada do Meio. O imperador Wu Di da dinastia Han visitou essa montanha em 110 A.C.. Desde então imperadores de sucessivas dinastias também o fizeram, pessoalmente ou através de enviados especiais para homenagiar a Mt. Song. Muitos memoriais, budistas e templos Daoístas, arcos de rochas e tábuas gravadas foram erguidas através dos anos.
Aos pés da montanha Song está o mosteiro Shaolin. Em 496 D.C. o imperador Wen Di da dinastia Northern Wei construiu o mosteiro Shaolin para um monge budista indiano sob o nome Batuo então ele pôde pregar o Lessor Vehicle Buddhism ( uma variação do budismo indiano ) defendendo alto desenredo. Em 527 D.C. outro monge indiano, Bodhidharma, chegou ao mosteiro Shaolin para difundir a Greater Vehicle Buddhism ( outra seita budista ) na qual se praticava meditação profunda em postura assentada, mantendo a mente tão tranqüila e inafetada como uma parede. Mais tarde seguidores idolatraram Bodhidharma como fundador da seita na China. Sob o seu comando e de seus sucessores o mosteiro Shaolin expandiu-se e prosperou.
Yang Jian ( 581- 601 ), fundador da dinastia Sui era um budista devoto. Ele conferiu ao mosteiro Shaolin por volta de 583 D.C. 700 hectares de terra e o templo se tornou um grande proprietário de terras. Ao fim da dinastia Sui, Zhi Cao, Tan Zong e onze outros monges Shaolin salvaram o príncipe Qin, Li Shimin. Após se tornar imperador Tai Zong da dinastia Tang em 627 D.C. concedeu um generalato ao Monge Tan Zong e recompensou aos outros também. Ele conferiu ao mosteiro Shaolin 300 hectares de terra.
O mosteiro Shaolin se tornou ainda mais famoso. Muitos proeminentes pregadores lá se reuniram. O mosteiro experimentou seu auge através das dinastias Song, Yuan, Ming e Qing. Mas ao fim da dinastia Qing, o abade não era compete o suficiente para restringir o comportamento dos monges. Pessoas ao redor do templo se tornaram desgostosas com os monges e o templo caiu em descrédito.
O templo se incendiou três vezes em sua história. O último incêndio foi provocado pelo opressor Shi Yousan em 1928. O imenso estabelecimento foi quase totalmente destruído, juntamente com valiosos registros e trabalhos de literatura. Agora esse lugar histórico está completamente renovado. Nas províncias de Zhengzhou, capital da província de Henan e Luoyang, capital de nove das mais velhas dinastias chinesas, a Mt. Song e o Mosteiro Shaolin se tornaram a maior atração turística.
Após a fundação da nova China, o governo distribuiu grandes somas para restaurar o mosteiro. As salas, pavilhões e corredores reobtiveram sua grandiosidade. Acima do portão principal está uma placa escrita à mão pelo imperador Kang Xi: “MOSTEIRO SHAOLIN”. Em frente à entrada estão dois leões de pedra. Adentrando o portão pode se ver duas fileiras de lápides de pedra incluindo uma presenteada pelo monge japonês Shao Yuan, uma por Zong Daochen, fundador da associação de boxe Shaolin e uma por Chen Pei da Wahlum Society dos Estados Unidos. No segundo, terceiro e quarto pátios estão a sala do Rei Celestial, a sala Daxiong e o depósito de esculturas. A sala do abade está no quinto pátio. O imperador Qian Long lá esteve por uma noite quando de sua visita à Mt. Song. Assim a sala é também chamada “Sala do Dragão”. Existe um pavilhão que tem uma história : monge Hui Ke permaneceu do lado de fora de uma caverna na qual o monge Bodhidharma meditava. Estava nevando muito. O jovem monge suplicou para ser considerado um sábio discípulo. Então o velho monge diz:”Não até que os céus tornem a neve vermelha”. Monge Hui Ke cortou um de seus braços e o sangue tingiu de vermelho a neve. Mais tarde ele sucedeu o monge Bodhidharma como abade. Esse pavilhão foi construído para comemorar sua devoção.
No sétimo pátio está a Sala dos Mil Budas. Antigamente os monges praticavam artes marciais lá. Após longos anos de prática em posição agachada formaram-se marcas no chão. Marcas de 48 pares de pés dos monges. Um mural descreve 500 Luohan Buddhas prestando homenagem à Buda. Ao leste da Sala dos Mil Budas está a Sala das Cartas de Wushu. Dentro estão dois murais, um mostrando o salvamento pelos trinta monges do príncipe Qin e o outro mostra os monges se exercitando.
Ladeando cada sala estão as casas aladas. Pelos dois lados da Floresta de Placas de Pedra um corredor coberto foi construído recentemente par abrigar as mais importantes inscrições de pedra à leste e uma sala para caixa de cartas à oeste na qual quatorze grupos de duzentos e quinze escultulras de argila em tamanho natural demonstrando o Shaolin Wushu e lendas dos monges.
A oeste do mosteiro Shaolin estão duzentos e quarenta e uma pedras pagodas onde estão os restos de proeminentes monges da dinastia Tang foram tombados através da dinastia Qing. A noroeste está a caverna de Bodhidharma na qual, dizem, o primeiro monge meditou por mais de nove anos; a sudoeste está um terraço e a choupana do Segundo Abade onde o monge Hui Ke foi tratado quando do corte de seu braço. Espalhadas ao redor do leste, sul e norte estão as antigas pedras pagodas preservando os restos consumados dos monges.
Não muito longe do mosteiro Shaolin está o antigo Templo Zhongyue, o lugar da capital da dinastia Xia, o grande observatório erguido em 1276, a arcaica Academia Songyang, o mais antigo pagoda da China no Templo Songyue construído em 520 A.D., o cênico Templo Fawang, e os túmulos da dinastia Han.
II – Shaolin: onde originou Wushu
O Shaolin Wushu é um dos maiores braços do Wushu chinês e tem numerosas variedades e características únicas. É muito efetivo na construção do corpo e em auto-defesa. É muito popular na China e rapidamente está se difundindo através do mundo.
O mosteiro Shaolin é a fonte do Wushu Shaolin. Em 527 A.D., um monge indiano, Bodhidharma, chegou ao mosteiro Shaolin. Ele promoveu a meditação que inclaruía a posição sentada por um longo período de tempo. Isso fazia com que partes dos corpos dos monges adormecessem, então Bodhidharma desenvolveu uma série de exercícios que ajudaram a evitar esse problema. Por muitas gerações outros monges melhoraram esses exercícios combinando-os com o Wushu dos povos locais. A aplicação com que os monges praticavam pode ser vista nas profundas marcas de seus pés no chão da Sala dos Mil Budas.
Ao final da dinastia Sui, monges Shaolin salvaram o príncipe Li Shimin, que foi capturado por um guerreiro opressor. Quando, mais tarde, Li assumiu o trono de imperador Tai Zong, ele emitiu por decreto especial que permitiu aos monges Shaolin comer carne e treinar monges soldados. O mosteiro Shaolin estava no auge de sua glória. O treinamento militar capacitou os monges a praticar uma série de exercícios, técnicas de respiração e montaria. Eles muitas vezes convidavam mestres de Wushu para irem ao templo ensinar e trocar idéias. Isso facilitou grandemente o aprimoramento do Wushu Shaolin.
Ao final da dinastia Ming, a China estava em caos. Muitos alunos começaram a aprender o Wushu para combater os Manchus que invadiram a China central e fundaram a dinastia Qing. Entre eles estavam Huang Songxi e Guo Yanwu, os quais não só praticavam Wushu mas também escreveram livros sobre isso, que promoveu muito o Wushu Shaolin.
Após a revolução de 1911, que derrubou a última dinastia feudal da China, os mestres Wushu foram considerados como Hatchet Man dos oficiais e pessoas ricas. Apesar de algumas vezes eles terem sido chamados para resolver alguns pequenos problemas, isso era meramente uma demonstração para divertir. Sob tais circunstâncias o Wushu Shaolin, como todas as outras escolas não poderia se desenvolver.
Em 1928, o gerreiro Shi Yousan pôs fogo no mosteiro Shaolin. Ele queimou por mais de quarenta dias. As principais estruturas e muitas relíquias foram destruídas. Livros sobre Shaolin Wushu como”Habilidades do Shaolin Ortodoxo”,”Segredos do Boxe Shaolin”e”A Essência do Boxe Shaolin”se perderam no fogo.
As antigas estruturas foram restauradas recentemente. Especialistas se organizaram em comissões nacionais, provinciais e municipais para coletar material dos monges, mestres de Wushu e pessoas comuns. Cerca de cento e sessenta e seies rotinas de boxe e armas de combate foram classificados; o material coletado ultrapassou 1.46 milhões de palavras,providenciando assim boas condições para o desenvolvimento compreenssivo do Shaolin Wushu. Atualmente o Shaolin Wushu é um evento popular em encontros esportivos na China.
Em 1982 um filme chamado Templo de Shaolin foi lançado em Hong Kong, Macao e adjacências. Devido à sua popularidade, o número de visitantes no mosteiro cresceu muito em 1985, haviam mais de quarenta escolas ensinando o Shaolin Wushu, com estudantes vindo de mais de vinte provincias ,municipalidades e regiões autônomas.Recentemente, em 1986, o governo combinou as escolas em cinco grupos para garantir a qualidade de ensino. Muitos estudantes dessas escolas formaram equipes profissionais de Wushu ou equipes de Wushu em outras províncias e cidades.
Técnicos e estudantes tomaram parte nas filmagens de”Shaolin Boys”,”Kapok Kasaya”,”Shaolin Children Wushu”,”Yang Family Army”e outros. Eles receberam delegações de Wushu dos Estados Unidos, Japão e Itália e dominaram mais de quinhentos shows de demonstração do Wushu.
O Wushu Shaolin deve seu nome ao mosteiro Shaolin e o templo se tornou famoso pelo Wushu Shaolin. Atualmente, ambos estão em alta.
III – Características do Wushu Shaolin
O Wushu chinês é dividido em duas principais categorias: a do Norte e a do Sul. O Shaolin lidera a categoria do Norte. Combinando externos e internos, duros e leves exercícios, o Shaolin Wushu consiste em boxear e combate armado.
O boxe é a base do Wushu e o boxe Shaolin serve como base para outros tipos de Wushu. O Boxe Shaolin tem rotinas compactamente planejadas. Seus movimentos são rápidos, poderosos e flexíveis. Práticos para defesa e ataque. A principal e mais notável característica do Boxe Shaolin é que o praticante se exercita em linha reta. Isso significa que seus movimentos de avanço, retração, giro, movimentos laterais ou saltos estão restritos à uma linha. Seus braços são mantidos levemente curvados. Ele pode estendê-lo ou retraí-lo para ataque ou defesa, respectivamente.
Outra característica do Wushu Shaolin é manter o corpo em perfeito equilíbrio, tão estável quanto a montanha. O praticante deve manter a mente tranquila mas atacar com grande força e velocidade. Ele deve ser bom em “tomar”a força do oponente, isto é, ele não deve encontrar o ataque de seu oponente de frente, mas tomar vantagem da força de seu golpe e ir adiante para derrubá-lo. O provérbio diz:”Usando a força de quatro pesos para desviar uma força de mil pesos”. Ele saberia como dissimular golpes e quando golpear atacando com precisão as partes vitais de seu oponente. Seus movimentos devem ser destros como de um gato, seu gingado como um tigre, seu movimento como um dragão, avançando como um raio e gritando como um trovão.
O praticante deve gerar a força de seu ataque de sua respiração. Deve regular sua respiração vagarosamente mas quando usando desse artifício para atacar deve fazê-lo rapidamente. O praticante respira pelo nariz. Quando necessário ele pode gritar para impôr mêdo ao oponente.
Para praticar o Wushu Shaolin não é necessário muito espaço.Um ditado diz:”O boxeador Shaolin luta num espaço onde um boi se deita”. Não é atrapalhado pelo tempo ou pelos tipos de armas usadas. Assim o Wushu Shaolin se tornou um esporte muito conveniente.
Existem muitas rotinas. Os exercícios externos incluem Minor Hong Boxing, Greater Hong Boxing, Old Hong Boxing, Chaoyang Boxing, Chang Boxing, Plum Blosson Boxing, Cannon Boxing, Luohan Buddha Boxing, Tongbei Boxing, Sevenstar Boxing, Protecting-the-Heart Boxing, Wudong Boxing, Dragon-Out-of-the-Sea Boxing e Shooting-Star Boxing; os exercícios internos incluem Xingyi Boxing e Juji Boxing.
O Boxe Shaolin pode ser praticado só ou em duplas. A luta em duplas inclui as rotinas: Banshou Liuhe Boxing, Yaoshou Liuhe Boxing, Erba Liuhe Boxing e Kick and Strike Liuhe Boxing.
O Wushu Shaolin também contém muitas rotinas com armas. Técnicas de combate altamente hábeis usando armas são relatadas detalhadamente em treinamentos militares no templo em épocas passadas. A seguir uma breve introdução sobre quatro famosas armas.
A Lança é considerada como”Rei das Antigas Armas”. Ela é principalmente usada para perfurar. Esgrimar é suplementar. Quando perfurando, a lança deve ser segura paralelamente à terra e usada retilineamente para dentro e para fora. Então a força alcança a ponta da lança.Isso é chamado”lança atacando em linha reta”. Movimentos com lança incluem retesar, talhar, perfurar, bater, esgrimar.Uma regra diz:”Comece como soltando uma flexa, com desembanhando uma espada, elevando alança como empuraando as nuvens, precionando baixo a lança como derrubando um tigre, pulando com escalando a montanha, os olhos acompanhando a ponta da lança”.
O Facão é considerado a”Comandante das Armas”. Os velhos mestres de Wushu diziam:”O facão é usado para ataques arrojados, enquanto a lança é usada muito em auto-defesa”. O uso do Facão transforma a atmosfera como tigres lutando. Os movimentos do Facão inculem: circular a cabeça, perfurar, talhar, esgrimar e outros. Diz um ditado:”As habilidades de alguém manuseanso um Facão podem ser medidas pela maneira que o praticante usa suas mãos; com dois Facões podem ser julgados pelo padrão, pelo tipo de pisar do praticante, e aquelas com espada longa podem ser julgados pelo jeito que o praticante segura o cabo”.
A Espada é considerada”O Cavalheiro das Armas”. Deve ser manuseada como um dragão nadando para mostrar bravura com força militante e mesmo assim mostrando graciosidade.
Uma espada tem duas bordas afiadas e uma ponta. Deve-se evitar objetos duros. Seus movimentos incluem: perfurar, talhar, pequenas pancadas, cortar, salto e giro ao redor do corpo.
O Bastão é a mais antiga arma. Nos tempos primitivos o homem usava o Bastão para caçar e para auto-defesa. É considerada a”Raiz das Armas”.
O Bastão pode cobrir uma grande área numa batalha. O Bastão Shaolin é poderoso e veloz. O praticante tem que ter movimento flexíveis com braços e mãos de modo que ele e a arma pareçam estar fundidos em uma só peça. Ele deve exercer força na ponta da Bastão e usa-lo tão rapidamente quanto um raio. Os movimentos básicos são: varredura, ataque direto, talhar, pancadas, etc. Os passos padrão, movimentos de pernas, saltos mortais , equilíbrio, são exigidos por um mestre. Ele deve ter controle sobre esses movimentos. Monges Shaolin são conhecidos através dos tempos por suas habilidades em manusear o Bastão.
Juntamente com as quatro armas mensionadas, o Wushu Shaolin também inclui gancho, foice, vara, pá, anel e chicote.
Combates armados são divididos em exercícios simples e duais.
Lutas de mãos livres e exercícios respiratórios do estilo Shaolin também tem características únicas.
IV-Soldados Monges do mosteiro Shaolin
O Imperador Wen Di conferiu ao Mosteiro Shaolin 3.OOO hectares de terras e o Santuário Budista se tornou um grande proprietário de terras. Os camponeses da área se tornaram inquilínos do mosteiro. Incapazes de tolerar tamanha exploração, os camponeses regularmente se revoltavam. O mosteiro com tudo treinou monges para protejer sua propriedade.
Ao final da dinastia Sui, o guerreiro Wang Shiyun tomou à força terras pertencentes ao mosteiro Shaolin em Baiguwu. Os monges se revoltaram. Então enquanto lutavam contra o Wang Shiyun, Li Shimin foi capturado. Zhi Cao, Hui Yang, Tan Zong e dez outros monges invadiram o campo de Wang Shiyun e capturaram seu sobrinho e libertaram Li Shimin. Após assumir o trono, Li Shimin, agora imperador Tai Zong, da dianstia Tang, recompensou os monges Shaolin e permitiu que os mesmos mantivessem soldados monges.
No começo da dinastia Ming, cidades e vilas ao longo da costa leste eram frequentemente molestadas por piratas japoneses. Enquanto protestando junto ao governo japonês, eles reforçaram sua defesa. Por volta da metade do século XVI, os monges Wue Kong e Bian Cheng lideraram alguns monges Shaolin na luta contra piratas na área de Songjiang. Alguns morreram na batalha. O monge Xiao Shan comandou soldados monges em três expediçôes e foi condecorado pela corte imperial. Muitos outros do Mosteiro Shaolin também foram honrados. Suas ações foram inscritas em pedras ou em seus eptáfios que duram até hoje.
A côrte imperial colocou um par de leões de pedra e um mastro com bandeira em frente ao Mosteiro Shaolin ( atualmente só a base do mastro está presente ) em honra e memória a esses atos heróicos.
Após a revolução de 1911, monge Shaolin juntamente com as milícias de vilas próximas, lutaram contra bandidos em defesa do mosteiro e de áreas ao seu redor. Em 1922, monge Miao Xing, que serviu como comandante de regimento virou abade. Ele liderou monges soldados para limpar a vizinhança de bandidos.
General Xu Shiyou e o general Qian Jun, figuras lendárias do Exército de Liberação Popular, eram garotos de recados no mosteiro Shaolin. Eles praticavam artes marciais com afinco e aprenderam todas as habilidades. Após se juntar ao exército comunista, suas habilidades em artes marciais se tornaram uma grande ajuda.
Monastério Shaolin e o Shaolin Wushu
O Shaolin Quan é um dos estilos tradicionais mais conhecidos do Wushu. Seu nome é originário do Templo Shaolin, um importante centro de desenvolvimento das artes marciais chinesas. O Monastério é situado na Província de Henan, a 13 quilômetros à noroeste da cidade de DengFeng, no sopé da montanha de Song Shan.
Shaolin Quan é um nome alternativo para as técnicas tradicionalmente praticadas no norte da China denominada Chang Quan(Punho longo) ou Bei Quan (Punho do norte). Chang Quan é uma escola que se espalhou por toda a China e hoje é um dos principais sistemas de Wushu. O Shaolin Quan influenciou todos os demais estilos chineses de Wushu e, de acordo com as estimativas são praticadas mais de 300 formas de Shaolin Quan por todo o território chinês formando estilos, sub-estilos e sistemas interdependentes. Shaolin Quan é um grande sistema que possui características únicas e hoje é uma das escolas mais praticadas em toda a China. Somente no vilarejo Shaolin, ao redor do Templo e da cidade de Henan existem mais de 40 escolas do Boxe Shaolin. Elas são supervisionadas por monges e técnicos especialistas nas habilidades do Shaolin Quan.
Entre as formas mais conhecidas estão: Da Hong Quan (Grande Punho Vermelho); Xiao Hong Quan (Pequeno Punho Vermelho); Lo Han Quan (Boxe do Guardião de Buda); Hei Ho Quan (Boxe Tigre Negro); Qi Xing Quan (Boxe das 7 estrelas); Mei Hua Quan (Boxe da Flor de Ameixa); Pao Quan (Boxe explosivo); Jin Gan Quan (Boxe do Diamante); Lian Bu Quan (Boxe do Passo Corrente); Chao Yang Quan (Boxe do Sol); Chang Quan (Boxe Longo); Wu Qi Quan (Boxe dos 5 animais); Shi Pa Lo Han Shou (Boxe das 18 mãos de Lo Han),Tingang Quan (Boxe do guerreiro do céu) e Qing Loong Chu Hai Quan (Boxe do Dragão do Mar).
Características
O Shaolin Wushu tem características únicas e resíduos de seus movimentos podem ser encontrados em praticamente todos os estilos de Wushu. Suas origens provém da tradições budistas do Monastério, religião que exige dos seus praticantes grande disciplina e controle físico e emocional. Os monges também obtiveram suas experiências em campos de batalha e o Shaolin Wushu obteve características militares, bastante reais e duras. A forma embrionária do Shaolin Wushu são as 18 mãos de Lo Han, técnica criada pelo patriarca Bodidarma, e batizada em homenagem aos seus dezoito principais discípulos, sendo que somente 16 deles eram indianos e somente dois chineses.
Seus movimentos são lineares, compactos, poderosos, simples, com técnicas voltadas para o combate real. Em todo o momento é trabalhada a energia interna Chi, projetando a força para a frente e assimilando a do adversário.
AS ORIGENS DO TERMO SHAOLIN
O templo foi batizado de Shaolin (pequena floresta) devido a existência de um pequeno bosque que o circundava e que com o tempo foi aumentado com o acúmulo de plantações e pomares cultivados pelos monges que garantiam sua subsistência.
O Monge Fu Yu Hu Ju foi discípulo de Hui Neng, o mais famoso patriarca do Cha’n chinês e ele realizava no próprio templo um festival de Wushu no qual convidava a cada três anos vários mestres de Wushu da China para trocar experiências e ensinar os monges guerreiros.
Após anos os monges de Shaolin acumularam inúmeras técnicas de Wushu da época, aperfeiçoando os movimentos herdados de Bodidarma. Tais movimentos ficaram conhecidos como a escola de Wushu de Shaolin.
«A Origem do Shaolin Kung Fu»
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, Shaolin não é um “éstilo” e sim a mais famosa escolha de Quanshu. Tendo origem nas Dinastias do Norte e do Sul (420-589) e apogeu nas Dinastias Sui (5810618) e Tang (618-907), sofreu numerosas variações em eras subsequentes. Shao Lin Kung Fu é assim chamado em virtude de ter sido criado no Monastério Shaolin nas montanhas Song (Songshan), no município de Dengfeng, na Província de Henan. Ao redor destas montanhas existem muitos lugares de interesse histórico – túmulos antigos, pagodes, placas de pedras com inscrições e templos construídos em diferentes épocas. Dentre as muitas relíquias, o parcialmente preservado Monastério Shaolin é o mais famoso. Em 495, um monge indiano chamado Batuo veio à China para pregar o Budismo. Como um devoto seguidor da religião, o Imperador Xiao Wen ordenou a construção do monastério para o monge visitante nas montanhas Song. O monastério foi chamado Shaolin por estar localizado numa floresta (Lin, em chinês) sob o lado sombrio da cadeia de montanhas Shaoshi, que compõe um dos lados de Songshan. O monastério Shaolin teve uma história turbulenta. Foi seriamente afetado por incêndios em três guerras, sendo o primeiro na Dinastia Sui, o segundo na Dinastia Qing e o terceiro o mais catastrófico de todos – em 1928, quando o fogo destruiu templos e valiosos documentos, que relatavam o estudo do desenvolvimento do Shaolin Kung Fu, por mais de 40 dias. As estruturas arquitetônicas que sobreviveram à destruição incluem a entrada da Frente, o Salão de Convidados o Pavilhão Bodhidharma, o Salão do Manto Branco, a Câmara dos Mil Budas e a Floresta das Placas de Pedra. Não há evidências conclusivas de quem criou o Shaolin Kung Fu. Trabalhando em conjunto com as tropas imperiais, os monges-guerreiros Shaolin capturaram Wang vivo. Treze deles foram condecorados por serviços prestados, incluindo o Monge Tan Zong que recebeu o título de General. Além disso, o monastério recebeu 400mu (1=1/6 acres) de terra e apoio para o treinamento marcial dos monges. Em seu apogeu, Shaolin possuía um contigente de 5mil monges guerreiros e era conhecido como “O Monastério N.º 1 sob o Céu”. Além dos exercícios Shaolin de mãos livres os monges também praticavam qigong (exercícios respiratórios), montaria e combate com armas. De fato, eles tornaram-se um destacamento especial do Exército imperial. Na metade da Dinastia Ming (1368-1644), a costa da China sofria freqüentes saques japoneses. Em 1522 o Monge Yue Kong liderou um grupo de elite de 40 monges Shaolin na região do rio Songjiang, na Província de Zhejiang, contra os invasores. Usando bastões de ferro como armas, eles combateram com bravura e venceram muitas batalhas antes de patrioticamente perderem suas vidas. Com ligação direta com a corte os monges-guerreiros Shaolin não ficaram isentos de ser utilizados como elementos de repressão. Em 1341, eles atacaram os Turbantes vermelhos, um exército de camponeses rebeldes. A batalha foi retratada no mural da Câmara do Manto Branco. Supõe-se que um monge leve uma vida reclusa, mas os de Shaolin, sendo versados em artes marciais, estavam freqüentemente envolvidos em questões políticas. Mesmo utilizando os monges para seus fins, a classe dominante temia o seu poderio militar. Durante a Dinastia Qing, os monges Shaolin foram proibidos de praticar artes marciais. Em 1723, quando o monastério estava sendo reformado, a planta da construção teve que ser submetida a exame pelo imperador, que decretou que os monges passariam a ser supervisionados por um monge superior apontado pela corte. Equilibrando força e graça, ou “rigidez” com “suavidade”, os movimentos de Shaolin Kung Fu são simples e compactos, rápidos e sólidos, e são todos realizados em posturas naturais e flexíveis juntamente com um trabalho de pernas firme e leve. Os socos são como ondas, como os braços que parecem não estar flexionados nem completamente estendidos. Os olhos estão fixados no seu adversário, lendo suas intenções. Em combate, o mestre de Shaolin Kung Fu tem aparência impetuosa, mas permanece internamente calmo. Longe de ser uma arte de demonstração, Shao Lin Kung Fu possui definidos propósitos práticos. Uma vez que foi desenvolvido para o combate a curta e longa distância, pode ser praticado em espaços pequenos. Após anos de prática dirigida, os monges de Shao Lin tornaram-se mais do que simplesmente adeptos das formas de sobrevivência, porém, a aceitação e a escolha para se tornar um membro, era difícil. O caráter dos jovens era freqüentemente testado. Como jovens meninos, a aplicação para se tornar um membro do seleto grupo de alunos, era composta de tarefas fáceis e difíceis do trabalho relacionado a manutenção do Templos. Estas tarefas eram divididas entre outras como por exemplo: As longas horas de exercícios físicos (Ginástica), treinos em conjunto ou individual de técnicas de luta, aprendizado e prática da filosofia da religião vigente, Estudos Sociais, História, Medicina Chinesa (tratamento com ervas, acupuntura, etc.) Uma verdadeira Universidade… Sua sinceridade e habilidade em manter os segredos da ordem Shaolin eram severamente testadas por anos a fio antes de se divulgar os mais importantes e preciosos segredos. Uma vez aceitos pela ordem superior do Templo, sua entrada no Kung Fu era considerada como uma porta de entrada para um novo mundo. Ele trabalharia por longas horas treinando, estudando, aprendendo e condicionando o corpo e a mente para trabalhos em equipe e em esforços coordenados.
Aprenderia a os princípios do combate, o Caminho de Tao e ou doutrinava-se no Budismo Ch’an (conhecido também como ‘Budismo Zen’ no Japão), e juntos, iriam assegurar seu caminho a Paz. Seriam ensinadas inicialmente as primeiras técnicas básicas utilizando os punhos (socos), formas pré-definidas que simulavam múltiplos ataques. Estas formas se tornavam mais complexas de acordo o avanço do aprendiz, que em paralelo, estudava Taoismo e ou Budismo (técnicas de meditação, permanecendo imóveis por horas). Completado o estágio de estudante, ele se tornava um discípulo. Iria então, estudar os segredos mais profundos das artes e filosofia que já vinha estudando.. Armas de todos os tipos iriam se tornar familiares a ele, assim como armas de ataque e defesa (Facão Chinês, Bastão, Lança, Foice, etc..). Ele iria aprimorar seus movimentos para harmonizar com sua respiração. Sua mente iria esvaziar nas profundezas da meditação e iria melhorar sua energia Ch’i. (conceito de magnitude, plenitude mental..Ch’i é o poder governando o poder universal, assim como a palavra). Somente canalizando essa energia, pode uma pessoa de pequeno porte físico, aprender a quebrar tijolos com suas mãos nuas, ou aprender a sentir os movimentos de seu inimigo no meio da escuridão. Essa técnica se chama Chi Kung ou “Qi Gong”. Movimentos essenciais no Kung Fu são ações comandados por Ch’i. O Kung Fu é suave, fluido nos movimentos, permitindo vários movimentos em um único que segue uma seqüência lógica e harmoniosa. Em suma, Kung Fu é fluido. Ch’i corretamente coordenado permite fluidez. Considere uma simples gota d’água. Sozinha, ela é inofensiva, gentil e sem força, porém, o que no mundo pode conter a força de uma onda Gigantesca. O conceito de Ch’i é o mesmo. Tocando as energias universais, um aumenta a origem das habilidades de outro. Como pode alguém ferir um adepto de Kung Fu, quando este é incapaz de atingir um corpo formado de água ? Após examinar rapidamente a estrutura do Kung Fu, pode surgir uma dúvida de que seu conceito principal é verdadeiramente um conceito de uma arte refinada. O Kung Fu necessita de um tremendo “background” de informações e disciplinas que deixariam desbancados nossos estudantes liberais de artes. Os antigos Shaolin eram desenvolvidos nos seguintes tópicos, entre outros: Medicina, Música, Artes, Fabricação de Armas, Religiões, Criação de Animais, Cartografia, Línguas, História e é claro, Kung Fu. O adepto deveria ser mais do que uma simples máquina de lutar, mas, ele deveria saber como, onde e porque entrar numa luta e, até mesmo, de maior importância, a como evitar o conflito. Somente com uma habilidade imbatível de um monge ele estava seguro o suficiente para não sentir necessário a luta. Havia uma sistema de graduação utilizado; iniciante, discípulo e mestre. O iniciante (novato ou nível de estudante), era o servente. Somente ensinamentos básicos e rudimentares do Kung Fu chegavam ao seu conhecimento. Discípulos, no entanto, eram considerados seminaristas (monges iniciantes), tendo no entanto que progredir ainda a condição de mestres. A graduação de Mestre somente era atingida por muito poucos. Realmente, se atingia gradualmente, com o avanço da idade. O primeiro obstáculo de um discípulo iniciante deveria passar para ser aceito na comunidade era o dos testes de graduação: uma série de testes orais e exames práticos, que culminavam no teste do túnel então se graduando Sacerdote. O candidato era conduzido a um corredor que possuía comunicação com o exterior. Neste corredor, existiam armadilhas, todas letais e imprevisíveis. O Discípulo deveria vencer todos os obstáculos de onde não havia como retroceder, não havia saída, a não ser o sucesso. Muitos nunca começaram a esta viagem; poucos a terminaram. O adepto que obtivesse o sucesso através das armadilhas mortais, se depararia com um último dos obstáculos; uma grande urna de metal em forma de jarro, repleta de partículas de ferro incandescente, pesando muitos quilos. Em cada lado do grande jarro, havia um emblema, diferentes para cada templo, normalmente um dragão ou um Tigre. O Jarro deveria ser movido de um pilar baixo, de um lado para outro, usando-se os antebraços nus, desbloqueando assim a saída. Isto tendo sido feito, o discípulo, estava então marcado para sempre com os emblemas do Sacerdote Sil Lum. (Shaolin). Obviamente não se sabe se todos os Templos se utilizavam da mesma técnica para se marcar os antebraços dos monges, mas a história narra que no Templo de Honan era feito dessa forma. Muitos discípulos deixariam os templos onde seriam encaminhados através do país, como médicos, oradores nas leis e religiosidade e guardiões do pobres. Alguns retornariam aos templos tendo a incumbência de preparar a próxima geração de discípulos. O ingresso acontecia em torno dos cinco e sete anos de idade. A graduação acontecia ao se atingir a idade de pelo menos 22 anos e cada passo fazia parte de uma vida longa e dura. A variação de estilos nas artes marciais Chinesas existem graças a vários fatores. Em primeiro lugar, alguns monges, não eram satisfeitos com uma “única” verdade, e criaram melhorias ou variações nos antigos padrões. Algumas artes tiveram origem em exercícios provenientes da Índia, enquanto outras, foram influenciadas por alguns aspectos da “Luta Livre Grega”. Alguns, após deixarem o templos, ensinaram a arte a pessoas comuns que por sua vez, mixaram novos movimentos criados a partir de sua própria iniciativa ou até mesmo melhorias a partir de algum outro estilo de sua preferência. Em terceiro lugar, pessoas comuns, ensinadas pelos monges, adaptariam esses ensinamentos à sua vida diária. Hoje, existem poucos mestres ou gerações de mestres que tiveram a rara honra e oportunidade única de saber que em sua linhagem houve a existência de um antigo Sacerdote Shaolin ou seus discípulos diretos tiveram contato com algum. A harmonia de que deve estar imbuído um praticante de Kung Fu, também deve ter origem na ‘escola’ de kung-fu, da escola para o aluno e do aluno para a sociedade. Na ‘escola’ de Kung Fu é ensinado ao aluno; o respeito ao próximo, respeito aos instrutores, e a sociedade em que vivem. em todos os estudantes, repousa a responsabilidade no cuidado com o próximo e com a ‘escola’ de Kung Fu. Dessa forma, uma ‘escola’ de Kung Fu age como uma família. De fato, na tradição chinesa, os membros de uma ‘escola’ são denominados “irmãos” e “irmãs”. O ‘mestre’ visto nesse contexto, é o “pai” da ‘escola’ e recebe mais respeito do que um professor. O ‘mestre’ de uma ‘escola’ de kung-fu é conhecido pelos estudantes como “si-fu” (Shih-Fuh- Cantonês) que significa professor. O “si-fu” é uma pessoa altamente versátil que pode possuir além da defesa pessoal, conhecimento em medicina, filosofia, cultura chinesa, literatura e etc… O ‘si-fu’ não é somente um professor de artes marciais, é também responsável em guiar e agir como o exemplo para os estudantes. É importante que o ‘si-fu’ intervenha no desenvolvimento de não somente as habilidades dos estudantes, mas, também a atitude e a filosofia.
Seis princípios básicos para o Shao Lin Kung Fu
1) – Seja hábil- Os movimentos devem ser variados, não telegrafados e flexíveis.
2) – Seja discreto- Derrote seu oponente utilizando sua própria força, “assim você poderá derrubar uma pessoa que pesa 100Kg, usando uma força que move 0,5Kg”.
3) – Seja corajoso- Ataque sem hesitação, toda vez que houver oportunidade.
4) – Seja rápido- O oponente pode ver sua mão mas não o seu soco.
5) – Seja impetuoso- Golpeie os pontos vitais.
6) – Seja prático- Todos os movimentos possuem um fim estratégico. Concluindo, todas as técnicas devem ser aperfeiçoadas para que se alcance o máximo de eficácia.
Naturalmente, isto envolve longos anos de prática, como está evidenciado nas cavidades encontradas no solo de bloco de pedra do Templo dos Mil Budas do Monastério Shaolin. É dito que estas depressões tiveram origem em decorrência dos intensos treinamentos dos monges, ao longo de inúmeras gerações.